A utopia da paz: políticas de drogas e agenda antirracista
“O Brasil nunca lidou bem com seu passado colonial. Depois da Abolição formal da escravidão, uma imensa massa de pessoas ex-escravizadas se distribui na paisagem das cidades, entre as camadas mais empobrecidas da população. Sedimenta-se assim a associação entre cor da pele e pobreza, bem como o contraponto entre civilizados e selvagens.
Um percurso que nos permite entender uma série de coisas sobre o Brasil de hoje, inclusive como o racismo entranhado numa política aparentemente correta de guerra às drogas, organiza um conjunto de instrumentos sistêmicos e define processos de escolher quem vive e quem morre.
É preciso de espaço e poder para produzir raça. A raça como espaço do corpo que pode ser violentado, como no caso da criminalização de relações sociais em territórios periféricos inteiros. E da legitimidade do uso prioritário da violência monopolizada pelo Estado. Um conjunto de leis e práticas que, ao pretender segurança social, produz desigualdade e reforça mecanismos que resultam no encurtamento das vidas negras, em curso há séculos no Brasil.”
(Iniciativa Negra, 2018, documentos interno)
Participantes:
Juliana Borges – escritora e pesquisadora sobre a política criminal. Consultora do Núcleo de Enfrentamento, Combate e Memória da Violência da OAB-SP. Foi Secretária Adjunta de Políticas para as Mulheres e assessora especial da Secretaria do Governo Municipal da Prefeitura de São Paulo. Autora de “Encarceramento em massa” (Selo Sueli Carneiro/Pólen Livros).
Nathália Oliveira é bacharela em Ciências Sociais. Desde 2011 atuou em diversos projetos de direitos humanos em pautas relacionadas a política de drogas. Passou por organizações como a ONG Centro de Convivência É de Lei; Instituto Terra Trabalho e Cidadania; Plataforma Brasileira de Política de Drogas; presidência do COMUDA -SP (Conselho Municipal de Política de álcool e drogas de São Paulo 2016-2019; “Drogas Reduzir Danos”, dentre outros. Em 2015 fundou a “Iniciativa Negra por uma Nova Política Sobre Drogas” junto com Dudu Ribeiro, e divide a coordenação com o mesmo até o presente momento.
Dudu Ribeiro – licenciado em História, especialista em Gestão Estratégica de Políticas Públicas e Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA. Coordenador do Projeto Iniciativa Negra por Uma Nova Política sobre drogas. Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (2014/2015), membro do Conselho Estadual de Juventude do Estado da Bahia (Gestão 2014-2016), ocupando a vice-presidência pela sociedade civil; membro do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Estado da Bahia (gestão 2014-2016); membro do Grupo de Trabalho sobre Drogas do Conselho Nacional de Juventude (2015/2017); membro da Rede Latino Americana e do Caribe de Pessoas que Usam Drogas (LANPUD).
Preto Zézé – Presidente Global da Central Única das Favelas – CUFA.
Ex-lavador de carro nas ruas de Fortaleza, rapper, empresario, produtor cultural e repórter no Quadro “Talentos da Comunidade” na TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo no Ceará. É autor dos livros “A Selva da Pedra : a Fortaleza Noiada” ( 2014) e “Das Quadras Para o Mundo (2019)”. Também é consultor em planos de oportunidades para governos e empresas e é CEO e fundador do Lis – Laboratório de inovação social. Ativista de uma agenda positiva nas favelas para transformar o estigma em carisma e as dificuldades em oportunidades.
Especialista em planejamento e agendas comuns Mestre em sobrevivência nas Quadras, Doutor nas ruas do Brasil e Pós doutor em conexões de potências e compartilhamento de oportunidades.
Mediação
Cecília Olliveira
Jornalista graduada em Criminalidade e Segurança Pública e em Administração Pública. Colunista no Intercept Brasil e criadora da plataforma de dados sobre violência armada “Fogo Cruzado”.
Esta mesa acontece dia 24 de julho, às 15h, e é uma realização da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas e Plataforma Brasileira de Política de Drogas